sexta-feira, 16 de julho de 2010

Conveniência

Atrás de uma nova mentira
Uma ilusão conveniente
Mudam-se as roupas, as cores
Mas nada muda
Nem suas lágrimasQue continuam escondidas
Teu grito calado continua mudo

Muda-se a peça, e os atores
A nova ilusão dos aplausos
Que com o tempo se vão
Eu e o meu amor tão vãos
Mudam-se as luzes, a música
E você molda-se a elas
Como se fossem suas
Mas sua, permanece só a sombra
Que você oculta

Passa-se o tempo e muda a temperatura
E nesse tempo você perde altura
Na fuga de tua alma, de teus traumas
Que com você seguem
Acabam-se os aplausos
E você está novamente nua
Às luzes das mesmas ruas
Que você tanto tentou evitar

Insistente tua alma te persegue
(Pois é tua)
Com fantasmas que desconhece
Mas que a assombram mesmo assim
E eu deste morro observo tua corrida
Teu vai e vem
Nas minhas lágrimas que são tuas
E que não consigo evitar
Como não se evita a alma
Que continua baixinho a chorar

bardo - alguns anos atrás

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sozinho na chuva

Quando esmolas já não bastam
Nestas lágrimas que aqui estão
Sem se despir em meu rosto
Sem mostrar onde me acolher
Nenhum beijo ou abraço a me esperar
Nenhuma pele que me faça arder
Nenhum sonho que me faça sonhar
Então não cessa a vontade
Nem a solidão que me acompanha
Deixando-me só
Apenas só, nesta chuva

bardo – entardecer 19/10/2009

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Aquele último

Eu estive me lembrando, ontem
do último momento
que estive com você
do último olhar...
aquele, precipitado de lágrimas!


E do último pensamento
Ah! O último pensamento antes
De você bater a porta atrás de si
E a semi escuridão imperar
Era...
           “fique...”
A voz do meu eu
Nunca estivera tão rouca
E a sua face
Tão pálida
e sua figura...tão esquálida!


É, eu estive me lembrando
da luz daquele lugar
tão morna nas suas nuances
quase poderia ver
brilhar o sol em você

estive sim, ontem, me lembrando
do frio e
do calor que a sua semi-ausência
me causara, me causaria
ainda me causa



Tudo que eu queria
Era você ali... um momento antes
Do último
E viver nele
Para sempre


Entre a manhã que se anuncia
E a noite que ainda insiste em me fazer chorar
Pelo meu bem
Que se vai
E que não tem


Yssoê