quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Marcado

Sem conhecer, como eu também
Tuas palavras guardavam profundidade
Da cor cálida de sua pele lisa
Da paixão vermelha que me rasga
Na leveza da sua silhueta que me fende
Sem crimes nem arrependimentos
Você deixa suas marcas em mim

Assim continuo marcado
Pelas marcas do seu corpo no meu
Pelo som das suas risadas lépidas
Nessa alegria que sou em você
Em suas coxas e curvas
Marcas doces de corações marcados
Teus carinhos, enfim

Encantado na sua graça estou
Marcaste rápido o que sou
Que errava por sombras de bosques
Entre troncos retorcidos
Nasceu entre musgos e pedras
Ansiosa e teimosa
Uma marca, uma flor

entardecer, 27 de Junho de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Etéreo

Torno-me lentamente uma memória
É próprio das memórias
Desaparecer com o tempo
Assim transformo-me em vento
Uma lembrança, uma brisa
Cada vez mais etéreo
Desaparecendo das lembranças
Das pessoas que se afastam
Como quaisquer fantasmas
Que pelo mundo vagam

bardo - amanhecer 03/11/2009

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Restos

Resta em mim, restos
Culpas, medos, pesadelos
Universo desagradável de se adentrar
Faltas, dúvidas
Paixões perdidas
Chuvas contínuas
Em minha alma
Que segue o caminho
Mas não evita chorar

bardo – madrugada 22/10/2009

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Futuro

Não sei onde tudo começa
Mas sei onde tudo acaba
Assim tudo fica sem graça

bardo - entardecer 22 de Outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um dia

Se esse dia fosse meu
Não haveria Sol, apenas Lua
A luz seria a necessidade da penumbra

Se esse dia fosse meu
Não haveria necessidade de horas
Seriam extensas festas, imensos os beijos

Se esse dia fosse meu
Talvez eu o recortaria do tempo
Guardaria-o para outro momento

Se esse dia fosse meu
Ah se fosse um dia meu, teu, nosso
Seriamos donos do ócio

Se esse dia fosse meu
Escreveria infinitamente
Bobagens e letragens da minha mente

Se esse dia fosse meu
Brindaria eu teu sorriso
Esse olhar impreciso, jocoso

Se esse dia fosse meu
Não seria um dia, seria sonho
Não abstrato, sonhado

Se esse dia fosse meu
Trocaria o coração pela razão
E racionalmente me apaixonaria

Se esse dia fosse meu
Deixaria todas as lágrimas nele
E nos teus dias só haveriam sorrisos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Amor

A vontade de chorar toma conta
E choro como ela vem, confusa
Num turbilhão de felicidade
Saudade e medo
Uma ansiedade insuportável
De ter você comigo
E eu com você
Vontade e amor
Que já não cabem em mim
Nem neste céu azul sem fim
Então choro tudo isso
Esse amor tão lindo
Que arde fogo e frio
Como o arrepio de sua pela na minha
Sorriso gracinha encanto infinito
Já estás longe, então eu grito
Te amo te amo te amo
E me amas, acredito

bardo

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ilusão

Nasci totalmente reto
Lindo de morrer
Mas quis deus ou o diabo
Que eu fosse torto
Não surdo
Porque sem ouvir direito
Eu ouço tudo
Caolho não me quis
Pois enxergo
Bem mais que meus olhos
Me quis assim, torto, errante
Me deu tudo
Infância longa
Adolescência que já não há
Quis que eu fosse o último
E fui o primeiro
Quis tanto que eu desquis
E agora nem quero
É tanto peso
Ser o que o que não se é
Deveria haver alguma desculpa
Um atestado (de loucura) talvez
Uma maneira de se decidir
Matemática, sintética, objetiva
Mas só há confusão e dor
E a bela ilusão do amor

bardo - num passado recente

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

3

Como da janela
Observo e observo
Paisagens semelhantes
Tudo tão semelhante
Eu sempre aqui
A observar
Aos poucos desaparecendo
Como tantos
Que desaparecem na vida
Pois já não servem à ela
As peças já não se encaixam
E nem os pombos desejam mais voar

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sinais

Novamente
Levantam-se as bandeiras
Todos os avisos
Estavam por aí
Todos eu li
Senti, e sinto
Toda essa insuficiência
Essa incapacidade
Esse vazio
Do porvir


bardo 21/09/2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Círculos

Você me usou
Eu te usei também
Usados ficamos
Novos para alguém

domingo, 12 de setembro de 2010

Mimado

Sou tão carente, tão carente
Tão egoísta, egoísta
Que repito as palavras
Para parecer artista

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Onde

Onde escondo
Não meu sorriso
Minha poesia e piadas
Meu altruísmo idealista



Onde escondo
Não minha foto de porta retrato
Minhas lágrimas sensíveis
Meus sonhos impossíveis

Onde escondo
Não minha vontade de viver
Cantar a vida em gargalhadas
Minha tranquilidade e risadas


Onde escondo
Não minha máscara maquiada
Minha generosidade explícita
Minha roupa amassada


Onde escondo
Essa sombra em mim
Esse grito ensurdecedor
Dor que arde julgando
O vômito e o mau cheiro
Essa desilusão contagiante


Onde escondo
A descrença e mau-humor
A impaciência passiva
Essa rotina amotinada
desregrada, desregulada


Onde posso esconder
Esse perdedor em mim
O desistente
O pessimista
O artista mentiroso

Onde escondo
Minha monstruosidade
Essa falta de vontade
Os saltos no abismo
O abismo
Consciência de sadismo
Desejo de suicídio


Onde posso me esconder
Para ser eu

Quando quero
E não quando me olhas

bardo, 24/10/2008

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Como da janela
Observo e observo
Paisagens semelhantes
Tudo tão semelhante
Eu sempre aqui
A observar
Aos poucos desaparecendo
Como tantos
Que desaparecem na vida
Pois já não servem à ela
As peças já não se encaixam
E nem os pombos desejam mais voar

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

All in

Nesse calor
dessa noite
como outras
resume-se

encurta-se
encurta-me-ia eu
assim
sem fim?

Dessa distância
de mim
de você
suas fantasias

nesses enganos
que me apresenta
imaginando
sonhando

ingenuidade plena
cabe a mim
saber o que sou
o que fui

mas tornei-me assim
como fosse
eu
que me dizia

num momento
naquele parque
perdido
passado

assim aloucado
como sou e fui
abril passou
resta o que ficou

como azul
faz parte
da noite escura
vida dura

apaixonado, na sua
mergulho aos poucos
como loucos
que pulam sem medo

arremedo, sem jeito
imperfeito
como a perfeição
que é a coisa

a vida é assim
coisas que não se sabe
beijos de paixão
nada importa, all in

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Delicado

Uma distância da falta
Não da Geografia
Um enlaço de espaços
Onde espaços não havia
Inesperado ritmo
Numa noite tão específica
Sem planos, encanto puro
Profunda fantasia de sorrisos
Sonho transformado em poesia

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Passou

As ruas que ando
Que sempre andei
As mesmas ruas
Já não são as mesmas


Morei sempre aqui
As casas com quem convivi
Estavam por aí
Hoje alguns destroços e ruínas


As mesmas ruas
Já não fazem sentido
O mesmo sentido
que sinto


Os caminhos e matos
Já não são matos
Lojas, prédios e carros
Ocupam tudo


Por onde vivi
Não vivo mais
Vivo de palavras e sentidos
Não os mesmos


Parti
Como as casas e ruas
Se foram
Eu sendo eu, já não sou


Se um dia fui
Quem sou
Se foi
Passou

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Conveniência

Atrás de uma nova mentira
Uma ilusão conveniente
Mudam-se as roupas, as cores
Mas nada muda
Nem suas lágrimasQue continuam escondidas
Teu grito calado continua mudo

Muda-se a peça, e os atores
A nova ilusão dos aplausos
Que com o tempo se vão
Eu e o meu amor tão vãos
Mudam-se as luzes, a música
E você molda-se a elas
Como se fossem suas
Mas sua, permanece só a sombra
Que você oculta

Passa-se o tempo e muda a temperatura
E nesse tempo você perde altura
Na fuga de tua alma, de teus traumas
Que com você seguem
Acabam-se os aplausos
E você está novamente nua
Às luzes das mesmas ruas
Que você tanto tentou evitar

Insistente tua alma te persegue
(Pois é tua)
Com fantasmas que desconhece
Mas que a assombram mesmo assim
E eu deste morro observo tua corrida
Teu vai e vem
Nas minhas lágrimas que são tuas
E que não consigo evitar
Como não se evita a alma
Que continua baixinho a chorar

bardo - alguns anos atrás

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sozinho na chuva

Quando esmolas já não bastam
Nestas lágrimas que aqui estão
Sem se despir em meu rosto
Sem mostrar onde me acolher
Nenhum beijo ou abraço a me esperar
Nenhuma pele que me faça arder
Nenhum sonho que me faça sonhar
Então não cessa a vontade
Nem a solidão que me acompanha
Deixando-me só
Apenas só, nesta chuva

bardo – entardecer 19/10/2009

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Aquele último

Eu estive me lembrando, ontem
do último momento
que estive com você
do último olhar...
aquele, precipitado de lágrimas!


E do último pensamento
Ah! O último pensamento antes
De você bater a porta atrás de si
E a semi escuridão imperar
Era...
           “fique...”
A voz do meu eu
Nunca estivera tão rouca
E a sua face
Tão pálida
e sua figura...tão esquálida!


É, eu estive me lembrando
da luz daquele lugar
tão morna nas suas nuances
quase poderia ver
brilhar o sol em você

estive sim, ontem, me lembrando
do frio e
do calor que a sua semi-ausência
me causara, me causaria
ainda me causa



Tudo que eu queria
Era você ali... um momento antes
Do último
E viver nele
Para sempre


Entre a manhã que se anuncia
E a noite que ainda insiste em me fazer chorar
Pelo meu bem
Que se vai
E que não tem


Yssoê

domingo, 27 de junho de 2010

Sem conhecer, como eu também
Tuas palavras guardavam profundidade
Da cor cálida de sua pele lisa
Da paixão vermelha que me rasga
Na leveza da sua silhueta que me fende
Sem crimes nem arrependimentos
Você deixa suas marcas em mim


Assim continuo marcado
Pelas marcas do seu corpo no meu
Pelo som das suas risadas lépidas
Nessa alegria que sou em você
Em suas coxas e curvas
Marcas doces de corações marcados
Teus carinhos, enfim


Encantado na sua graça estou
Marcaste rápido o que sou
Que errava por sombras de bosques
Entre troncos retorcidos
Nasceu entre musgos e pedras
Ansiosa e teimosa
Uma marca, uma flor

entardecer, 27 de Junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vira-lata

Ando de um bar a outro
Da noite para o dia
Da vida para o sonho
Atravesso avenidas
Como aquele vira-lata perdido
Que tão perto de mim passa
Mas estou longe demais para ouvir
Perto demais de parar
No meio da rua, na mesa deste bar
Ele segue sem destino
Atrás de migalhas
E eu olho seu caminho
Tentando encontrar o meu
Tão frágil como aquele cão
Que continua seu caminho
Atrás de migalhas

bardo

terça-feira, 1 de junho de 2010

Depressão

Hoje me deste facadas
Sangrei em lágrimas
Hoje doeu mais
Evoluíste, como eu
Hoje sinto medo
Maldita insegurança
Hoje olhaste nos meus olhos
Senti teu sopro frio
Mas jamais irás vencer
Não me rendo
Nem que me arraste
Ao vale profundo
Nem que me leve
Às suas entranhas
Deixo-me esfriar
Endureço como gelo
Tu és fria, sou mais frio
Zero absoluto
Tu sabes do meu medo
Mas conheço tua fraqueza
O tempo

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Apenas erros

São apenas erros
É o que nós somos
Continuidade do perdido
Esquecidos já não somos
Nosso mundo faz sentido?
Por momentos sinto-me autômato
Pura mentira da auto-suficiência
Minto as recíprocas
Coisas que não invento
Conta-me alguém
Para onde sopra o vento
Calunio-me no desprezo
Eu sinto, finjo que não
Apenas finjo, ninguém mais
Apenas o mundo, desencanto
Onde (e quando) compadeço?
Sou apenas um fim
Jamais serei um começo

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Yssoê

Quão doce arde meu peito
Da lembrança de você
Seu sorriso e pele perfeitos
Ardor daqueles
Que não se dá jeito
É madrugada e sufoca
Pela manhã é saudade
Na tarde ansiedade
Amor que não tem volta
Aproxima-se a vontade
Das suas mãos nas minhas
Sua cabeça como encaixe
Em meus braços, teus abraços
Vem os sonhos que não rejeito
Sonhos deliciosos
Há você, e isso basta
Nada mais importa
Ah Yssoê, você é uma graça
Meu peito que arde
Nem disfarça
Espera(espero) você ansioso
Para deitar-me então
Em tua alma
Que brilha um brilho só teu
Brilho que me encanta
Enfeitiça
Já não é meu
Toma é seu
meu coração

bardo – madrugada 17 de Maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Alucinados

Continuavam sem destino
Apressados se esgueirando
Entre postes e as pontas
Sempre, sempre em movimento


Cuspiam a poeira
Pelo atrito gerada
Do corpo com o vazio
Da velocidade com o imóvel


Os espaços vazios, contorcidos
Assustados e em silêncio
Curvavam-se em desespero
Diante dos corpos desconhecidos


Os parados que ali estavam
Eram poucos embasbacados
Alienígenas de outro tempo
Nada sentiam, pouco notavam


As paredes imundas à volta
Ninguém as via, será existiam?
O que importava
Nada percebiam


Alucinados em seus mundos
Mundos imaginários
De importância máxima
E realidade mínima


Roteiros dos próprios filmes
Cenários, figurino, coadjuvantes
Protagonistas do vazio
Das próprias vidas


Passageiros
Vai e vem, volta e revolta
Utopias vazias
Azia


Alucinados pelo fim
Sem meios, nem freios
Velocidade, velocidade
O tempo corre, atendendo a pedidos


Amor perfeito
Viagem Paris
Fast Food enobrecido
Fim sem sentido

Abandono

Senti teus lábios macios

Tua boca, formato perfeito

Vi a doçura em teu sorriso

Em teu olhar, que doce, não deixa de ser quente

O mais temível olhar

O mais doce lábio

E das lágrimas passo a sonhar

Tudo desaparece

Somem lábios, boca e teu olhar...

Volto a minhas lágrimas

que percebem o que há

 
bardo - muito tempo atrás

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Palavras perdidas

É quando eu escrevo
Quando perco-me entre as mesas
Quando perco-me
Noites perdidas por alguém perdido
Gosto disso, seria hipocrisia
Além, alguém, algum mundo
Entre as mesas esbarradas
Nas sarjetas de depois
Onde nada sou e não há dois
Tento outra hora, mas é tarde
Grito vivas a liberdade
Nada além, alguém, algo que escuto
Mas já é tarde e ela se foi
Poesia perdida, palavras da vida

bardo

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Manhã cinza

Nesta manhã cinza de chuva fria
Alguma coisa se ascende
Nada além desta cinza quente
Alguns troncos retorcidos
O chão molhado pelo orvalho
Nada além de um cigarro
Noites mal dormidas, mal resolvidas
Mundo que me espera
E eu a espera do mundo
Nesta manhã fria, de chuva fria
Nesta umidade sombria de algum brilho
Algo em mim se ascende
Algo me paralisa e me movimenta
Nesta manhã, mais uma manhã
Algo me chama às chamas
Apagadas por este vento

bardo, 06 de Agosto de 2008, acordando

terça-feira, 11 de maio de 2010

Chamas

Há muito tempo
Séculos atrás
Vendi minha alma ao diabo
Como prêmio
Ganhei o inferno
Do frio
Da consciência do frio
Da previsão do frio
Da chuva
Do doer
Passei a sentir a dor
Tomar consciência da dor
A inexistência do amor
Descobri-me um egoísta
O pior deles, igual a todos
Prevendo meu egoísmo
Consciente de sua existência
Com o peso que traz
A consciência da coisa


Ainda não sei
Se fiz bom negócio
Preferia eu o ócio
Justamente o que não tenho
E o que não tenho, quero
Desejo
Desprezo
Por mim mesmo
Mas os dias passam
E nada é tão ruim
Que não possa piorar
Nem Sol, nem mar
Nem chuva de verão
Nem choro, nem dor
Nem felicidade ou amor
Nem fé, nem ciência
Conhecer, conhecer
Até morrer


E morre-se sem destreza alguma
Morre-se pelo que não se tem
Ou pela consciência do que se tem
Ou não tem
Ou terá
Ou será
Morre-se antecipadamente
Pela previsão da morte
Que assombra a vida
Sombra da vida
À sombra de um bosque
Que vive e morre
E morde-se em chamas
E sente-se o fogo
E não se foge
Porque não há onde
Em tudo, chamas
Que ardem conscientes
Em nossa consciência

bardo, 24 de Setembro de 2008 - Madrugada

domingo, 9 de maio de 2010

Conveniência

Atrás de uma nova mentira
Uma ilusão conveniente
Mudam-se as roupas, as cores
Mas nada muda
Nem suas lágrimas
Que continuam escondidas
Teu grito calado continua mudo


Muda-se a peça, e os atores
A nova ilusão dos aplausos
Que com o tempo se vão
Eu e o meu amor tão vãos
Mudam-se as luzes, a música
E você molda-se a elas
Como se fossem suas
Mas sua, permanece só a sombra
Que você oculta


Passa-se o tempo e muda a temperatura
E nesse tempo você perde altura
Na fuga de tua alma, de teus traumas
Que com você seguem
Acabam-se os aplausos
E você está novamente nua
Às luzes das mesmas ruas
Que você tanto tentou evitar


Insistente tua alma te persegue
(Pois é tua)
Com fantasmas que desconhece
Mas que a assombram mesmo assim
E eu deste morro observo tua corrida
Teu vai e vem
Nas minhas lágrimas que são tuas
E que não consigo evitar
Como não se evita a alma
Que continua baixinho a chorar

bardo

sábado, 8 de maio de 2010

Pensei...

Depois daquele beijo
Estava tudo resolvido
Pensava eu
Mas não há tempo
E há um mundo a ser resolvido
E você escolhe a cerveja
A mesa, onde sentar
Longe de mim
Passa seu olhar
Até que não me olha mais
Depois daquele beijo
Pensei tê-la encontrado
Mas você perdeu-se no que comer
Onde estar, com quem falar
Então me perdi
Era apenas um beijo

terça-feira, 4 de maio de 2010

Não sou aquele que tudo suporta
Pareço ser, imaginam-me
Sou aquele que mal suporta
E resiste até o final

bardo, 05/12/2008

Esquecimento

Foi tão fácil me esquecer
Eu que nada esqueço
O vento não me leva
Tua pele, se foi
A dor, ficou


Foi tão fácil esquecer que me amou
Palavras que acreditei
Palavras que o vento me soprou
Que teus lábios sussurraram
E nelas sonhei


Foi tão fácil me deixar
Aqui, sozinho
Sem palavras, ao vento
Sem te deixar e nem partir
Não é nada fácil deixar de sentir

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nuvens despedaçadas

Após mais uma madrugada
Mais uma em minha vida
Embalada pelo álcool
E pela tristeza dos sorrisos vazios
Surgiram os raios de um Sol invisível
Com cores de brilho sem som
As nuvens esparsas
Num vento que não passava por mim
Mas era possível sentir
Parece que foi ontem
Aquele entardecer azul-rosa-laranja
Quando parei meu carro
E acendi um cigarro
Como agora, me perco
Em meio a estas nuvens e lágrimas
As nuvens despedaçam-se neste céu
Como teu sorriso e olhar
Despeçam meu coração

bardo - 19 de Fevereiro de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

Alguns dias

Você acorda
Um dia ensolarado se apresenta
Um sorriso no espelho
Faz a barba
Lava a louça
Varre a sala
Paga suas dívidas
Coloca sua melhor roupa
Leva seu carro para lavar
O abastece
Marca cortar o cabelo


Passam-se os dias
O combustível acaba
O carro está sujo
Suas roupas em frangalhos
Trapos que conseguiu vestir
Contas vencendo
Um cachorro dorme em sua cama
No chão da sala só poeira
A pilha de louça anuncia
Barba que você não consegue fazer
Não é possível encarar o espelho
Chove lá fora
Não há movimento em você


A sujeira da sala não se vai
Por mais fortes que sejam as vassouradas
Por mais detergente que é posto na água
Seu lençol está em pedaços
Nem há mais nada
Barba, carro, contas
Lá está sua alma
Que olha para as lágrimas do dia
Que não amanhece
Lá esta sua alma a ser observada
Na manhã errada
Onde não há mais nada


O telefone toca insistente
Sua alma não atende
Por que não pode compreender
Seu combustível acaba
Não há energia nesse mundo
Para lhe abastecer
De vida...

bardo - 29/04/2008

sábado, 1 de maio de 2010

Sem encontrar

Estranho
Eu já me sinto
Como um velho amigo
Que aguarda um não sei o quê
E não sabe onde
Mas sei porquê

É estranho
Mas teu beijo é meu
Como um novo beijo
Que sempre se quer
em beijos


É estranho
Te amar assim
Mas não pergunte
Como pode-se amar
Que leis fazem sentido


Estranho
Nada faz sentido
Já não me importo
Arrisco tudo
em você

bardo - manhã de 25 de Março de 2010, a melhor manhã

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Olhares perdidos

Seu olhar se perde
Enquanto eu o procuro,
Apesar do brilho que emana
Talvez evite me cegar
Pequenas distrações o enganam
Busca proteção em algum lugar
Mãos fotos flores
Os detalhes todos
Buscam camuflar
Olhares perdidos
Que não se cruzam
Mas ansiosos esperam
A hora de se encontrar

bardo