quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ilusão

Nasci totalmente reto
Lindo de morrer
Mas quis deus ou o diabo
Que eu fosse torto
Não surdo
Porque sem ouvir direito
Eu ouço tudo
Caolho não me quis
Pois enxergo
Bem mais que meus olhos
Me quis assim, torto, errante
Me deu tudo
Infância longa
Adolescência que já não há
Quis que eu fosse o último
E fui o primeiro
Quis tanto que eu desquis
E agora nem quero
É tanto peso
Ser o que o que não se é
Deveria haver alguma desculpa
Um atestado (de loucura) talvez
Uma maneira de se decidir
Matemática, sintética, objetiva
Mas só há confusão e dor
E a bela ilusão do amor

bardo - num passado recente

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