domingo, 2 de maio de 2010

Alguns dias

Você acorda
Um dia ensolarado se apresenta
Um sorriso no espelho
Faz a barba
Lava a louça
Varre a sala
Paga suas dívidas
Coloca sua melhor roupa
Leva seu carro para lavar
O abastece
Marca cortar o cabelo


Passam-se os dias
O combustível acaba
O carro está sujo
Suas roupas em frangalhos
Trapos que conseguiu vestir
Contas vencendo
Um cachorro dorme em sua cama
No chão da sala só poeira
A pilha de louça anuncia
Barba que você não consegue fazer
Não é possível encarar o espelho
Chove lá fora
Não há movimento em você


A sujeira da sala não se vai
Por mais fortes que sejam as vassouradas
Por mais detergente que é posto na água
Seu lençol está em pedaços
Nem há mais nada
Barba, carro, contas
Lá está sua alma
Que olha para as lágrimas do dia
Que não amanhece
Lá esta sua alma a ser observada
Na manhã errada
Onde não há mais nada


O telefone toca insistente
Sua alma não atende
Por que não pode compreender
Seu combustível acaba
Não há energia nesse mundo
Para lhe abastecer
De vida...

bardo - 29/04/2008

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